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Governo está mais preocupado com popularidade do que equilíbrio fiscal, avalia mercado

Publicado em 20 de março de 2025

Os analistas do mercado financeiro avaliam que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está mais preocupado com a popularidade do petista do que com o equilíbrio das contas públicas, de acordo com uma nova rodada da pesquisa Quaest divulgada nesta quarta (19).

O levantamento, realizado com 106 agentes entre analistas, gestores, economistas e tomadores de decisões, aponta uma preocupação cada vez maior com a condução da política econômica brasileira.

Embora Lula reitere em seus discursos que tem responsabilidade com as contas públicas, o mercado financeiro acredita que ele está mais preocupado em manter a sua popularidade em alta do que com o equilíbrio fiscal:

Na comparação com a rodada da pesquisa de dezembro, apenas 10% dos agentes acreditam que o governo está preocupado com o equilíbrio das contas públicas. Já questões como a taxa básica de juros, o dólar e a inflação são vistas como preocupantes por puxarem diretamente a popularidade de Lula – afetam diretamente itens do dia a dia da população, como os preços dos alimentos.

A questão da popularidade se tornou um tema sensível para o governo, que vem buscando medidas para reverter à queda livre desde o final do ano passado. Sucessivas pesquisas de opinião mostram um aumento da desaprovação acima da aprovação, principalmente por causa da disparada dos preços dos alimentos e crises por falhas de comunicação, como a do Pix em janeiro.

A queda da popularidade de Lula passou a refletir na intenção de votos para as eleições presidenciais de 2026, em que a vantagem de Lula sobre a oposição – principalmente Jair Bolsonaro (PL), que segue inelegível – começou a diminuir e até mesmo a se tornar negativa em alguns levantamentos.

Isso levou Lula a trocar o ministro responsável pela comunicação do governo em busca e uma nova linguagem para divulgar as entregas da gestão. Saiu o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que estava desde o início e entrou o publicitário Sidônio Palmeira para comandar a Secretaria de Comunicação Social (Secom).

Desde então, Lula adotou um discurso mais incisivo tanto enaltecendo feitos de programas populares, como o Pé-de-Meia e o Farmácia Popular – temas de um pronunciamento em rede nacional no mês passado –, o reforço de que tem responsabilidade fiscal, o crescimento do PIB acima do previsto pelo mercado financeiro e comparações de entregas com o governo anterior de Bolsonaro.

No entanto, isso ainda não tem se refletido nos números, e há a percepção de que é ele quem está no comando inclusive da política econômica brasileira – o que fez despencar a credibilidade do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, que era visto como um “freio” na gastança de Lula:

- Lula: 92% acreditam que é o responsável pela direção da política econômica do país;

- Haddad: 5%;

- Congresso: 2%;

- Banco Central: 1%.

Essa condução da política econômica também se reflete na expectativa de que a inflação aumentará neste ano para a maioria dos entrevistados (82%), enquanto que 16% acreditam que irá se manter no atual patamar e apenas 2% que reduzirá.

Ainda de acordo com os analistas do mercado financeiro, 74% acreditam que o governo não deve intervir na economia para forçar uma redução, enquanto que 25% acreditam que deve buscar medidas para reduzir os preços dos alimentos.

Ao todo, a Quaest ouviu 106 analistas do mercado financeiro, gestores, economistas e tomadores de decisões entre os dias 12 e 17 de março, com uma margem de erro de 3,4% para mais ou para menos.

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